Reprodução: Coluna do Juca Kfouri, Folha.com
Tratar denúncia nova como antiga, e desviar o foco, é desculpa velha e requentada
A CBF achou duas explicações para as denúncias sobre os US$
9,5 milhões que um jornal suíço, outro alemão e a BBC afirmam que Ricardo
Teixeira recebeu da falida ISL entre 1992 e 1997: são notícias velhas e fazem
parte da disputa pela sede da Copa do Mundo de 2018, que a Inglaterra quer
sediar, mas que não terá o voto do cartola brasileiro, que prefere
Espanha/Portugal.
De fato, no Brasil, ninguém se surpreendeu com o
aparecimento do nome Sanud, uma empresa de fachada usada por Teixeira e
devidamente denunciada pela CPI do Futebol, em 2000.
Mas para todos foi novidade sim saber que foi por meio dela
que os tais milhões foram recebidos, em 21 parcelas, segundo documentos que os
três veículos obtiveram.
Não se requentou coisa alguma, portanto, apenas se revelou,
e com números impressionantes, que foram batizados com o incômodo nome de
subornos ("bribes", em inglês), a serventia da Sanud, fechada pelo
presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 no Brasil,
em 1999.
Já a desculpa da guerra pela sede do Mundial de 2018 soa
pueril, para não dizer ridícula, ou cômica.
Primeiramente porque nem a Suíça nem a Alemanha são
candidatas a sediarem o evento.
Em segundo lugar porque supor que a BBC se prestaria a tal
papel é imaginar que se está tratando com a imaginária "Gazeta de
Piraí", onde Teixeira cria vacas de verdade.
A questão que está posta é tão simples como responder a duas
ou três perguntas singelas: 1. Recebeu ou não os tais milhões? Algo que não se
resolve quando a Fifa argumenta que o caso foi julgado sem condenados, porque,
então, receber propinas na Suíça não era crime, como agora é; 2. Se recebeu,
está declarado em seu Imposto de Renda?; 3. E por que recebeu, que serviços
prestou à então parceira da Fifa, a ISL, um membro do Comitê Executivo da
entidade? Tem nota fiscal?
Porque até aquele pessoal do "Cansei" (lembra
daquilo?) que o recebeu com pompa e circunstância na segunda-feira passada, em
São Paulo, embora já dê sinais de ter descansado, há de querer uma explicação
minimamente razoável.
Como hão de querer as autoridades brasileiras envolvidas no
esforço da Copa-14.
A coluna volta a perguntar: não seria uma boa ideia Lula
assumir a Copa e a Olimpíada?
A presidenta haveria de adorar.
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