Reprodução: UOL
Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone
O anúncio de negociação individual com os clubes feito pela
Globo aumenta a pressão sobre o Clube dos 13, mas não define o racha. Apesar do
discurso, as agremiações só poderão assinar qualquer contrato separado após se
desligarem da entidade, o que não acontecerá antes da abertura dos envelopes. O
caminho legal, para a Globo, é a negociação após a vitória de uma emissora
rival no edital oficial.
O grande entrave é o estatuto do Clube dos 13. Ao aprovar e
assinar o texto, os clubes concedem à entidade o direito de negociar os seus
direitos de transmissão. Por mais que a Constituição dê liberdade empresarial
aos clubes, como alegam os dirigentes cariocas, por exemplo, esse direito fica
inválido por conta da ligação com o C13.
“Quando o clube diz que dá essas atribuições ao Clube dos
13, em assembleia geral, isso tem de ser respeitado. A não ser que ele saia, ou
que o estatuto seja alterado, ele tem de ser cumprido”, disse Celso Rodrigues,
diretor jurídico da entidade.
“Pelo estatuto do C13, ele é responsável por negociar os
direitos daqueles filiados. A não ser que o C13 permita, eles têm de aceitar.
Ninguém é obrigado a ficar vinculado. Agora, se não se desfiliar tem de aceitar
a negociação deles”, disse Luís Felipe Santoro, advogado especializado em
direito esportivo e que presta serviços a diversos clubes, entre eles o
Corinthians.
O único caminho para uma negociação que não passe pela
licitação do Clube dos 13, então, é fora da entidade. Só que o processo de
desfiliação não é tão simples. Os interessados (caso do Corinthians) têm de dar
um aviso prévio de 60, para terem o pedido submetido à assembleia geral da
entidade, que aí libera o clube.
Não há tempo hábil, portanto, para que um clube deixe o C13
antes de 11 de março, data em que os envelopes fechados da licitação serão
abertos. Se mantiver sua postura de negociar separadamente, a Globo vai ver uma
emissora rival vencer a disputa.
O caminho legal para a TV carioca, então, será a negociação
a partir do fim do edital. Se cederem ao Clube dos 13 o direito de negociação,
os clubes ainda têm autonomia para dar a palavra final e assinar o compromisso.
Neste cenário, é legítimo que, com quase tudo fechado com
Record ou RedeTv!, os clubes ouçam a proposta e, possivelmente, acertem com a
Globo. A vantagem para a emissora carioca é a contenção de gastos.
Ciente do quanto uma rival pagará, a Globo pode aumentar a
proposta sem correr o risco de oferecer um valor exagerado de modo
desnecessário, como poderia acontecer com os envelopes fechados. A própria
Record está preparada para a manobra, embora não fale oficialmente sobre o
assunto.
2 comentários:
acho que este editorial do estadão é conteúdo pro blog: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110302/not_imp686436,0.php
Grato, Vou olhar
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