Reprodução: ESTADÃO.COM.BR
Raphael Ramos
Estádios luxuosos e sem lugares populares tornarão o futebol
nacional um lazer para os mais ricos
Entre as diversas transformações que a Copa do Mundo trará
ao Brasil depois de terminada, destaca-se a mudança do perfil e,
consequentemente, do comportamento dos torcedores. A expectativa é que ocorra
uma elitização do público frequentador dos estádios, assim como uma espécie de
"domesticação" desses torcedores. O próprio formato das arenas que
estão sendo construídas foi concebido pensando nessa alteração.
É o que defende Antonio Holzmeister Oswaldo Cruz, doutor em
Antropologia Social pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e que
desenvolveu uma pesquisa sobre as transformações das torcidas e dos estádios ao
redor do mundo.
"A elitização do público após a Copa é uma situação de
causa e efeito que segue uma tendência quase que mundial no futebol globalizado
de hoje", diz. "O que se busca é uma torcida mais expectadora do que
participativa."
Ele cita o exemplo do Maracanã. O estádio que já chegou a
receber mais de 183 mil pessoas teve sua capacidade reduzida para 86 mil
espectadores após diversas obras de modernização. Para o Mundial, esse número
diminuirá ainda mais: 76.500.
"Para onde vão esses quase 10 mil lugares que tiraram
do estádio? Vão para camarotes e assentos maiores que a Fifa exigiu",
afirma. "O futebol brasileiro vai ter de lidar com isso."
Marcos Alvito, antropólogo, professor da UFF (Universidade
Federal Fluminense) e fundador da Associação Nacional dos Torcedores, destaca
que um dos marcos desse processo de elitização do futebol brasileiro foi o fim
da geral do Maracanã, em 2005.
"Foi desnecessário. O Maracanã deveria continuar como
estava para os jogos nacionais e nos internacionais poderiam colocar cadeiras
provisórias. Foi o que a Alemanha fez na Copa de 2006", diz.
Alvito também critica como o dinheiro público está sendo
usado para o Mundial. Sua principal queixa é que os mais pobres estão pagando
por estádios que não poderão usufruir depois.
"É um processo que eu chamo de Robin Hood ao contrário.
Os estádios serão como shoppings, com lojas e restaurantes, já que se busca um
público de maior poder aquisitivo", diz.
Comentário do blog
Como diz Lúcio de Castro, da ESPN Brasil, é a “higienização”
dos estádios, o que tornará o futebol cada vez menos “popular”.
Já não temos pão e ainda querem nos tirar o circo.
4 comentários:
Todo mundo está "careca" de saber, que a Copa do Mundo nunca foi espetáculo para "pobre" ... com o perdão da palavra ... com ingressos custando a partir de 160 euros (R$ 2,60), a população de baixa renda, nem chegará perto dos estádios ... aliás, em nosso futebol tupiniquim, o Corinthias já jogou o preço dos ingressos nas alturas, faz tempo ...
Geraldo
Guedex.... 90% do que o Lúcio de Castro diz eu assino embaixo!!! Esse cara é muito bom!
Abraço!
xandão,
O Lúcio pediu as contas do SporTV porque foi censurado. É mole?
Só disse asneiras, não é só o futebol que segue esse novo perfil, mas todo empreendimento, seja esportivo ou não, vem mudando o foco e a maneira de gerir.
Isso é ótimo pro torcedor que recebe mais conforto e segurança por um serviço que hoje já paga bem caro sem receber nada disso.
Quem é contra a modernização dos estádios ou é mazoquista ou é burro. Prefere pagar caro pra tomar chuva na cabeça, ter seu carro correndo perigo na rua, mijar em banheiros fedidos e sujos e comer sfiha fria. É gostar de fazer papel de otário.
Quanto ao tirar cadeiras, isso vai acontecer em grande parte dos estádios, o cara além de otário é desinformado.
Reclama de governo, mas gosta de ser tratado como gado em estádio.
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