Blog by Guedex
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ellis Park: um estádio fora de padrões da FIFA e de segurança

Reprodução: Portal 2014

Ontem foi o jogo da Argentina x Nigéria, que acabou em 1 x 0 para o time argentino.  Como esperado, nós voluntários pudemos entrar tranquilamente para assistir à partita nos assentos vazios.

Foi minha primeira visita ao estádio e foi uma grande surpresa. Pelo que já tinha visto era o pior estádio para essa copa, mas o tanto de problemas que o estádio apresenta e por não estar cumprindo as exigências mínimas de segurança estipuladas pela FIFA, é preocupante. Num caso de emergência, sem dúvida, aconteceria alguma desgraça ali.

Tirei algumas fotos, durante os erros mostrando alguns desses problemas:

Em alguns trechos, não há degraus intermediários aos grandes espelhos da arquibancada. Vi muitos senhores de idade com dificuldades de subir, inclusive tivemos que ajudá-los.

Ainda sobre a arquibancada, o espaço para as pernas dos torcedores é pequena demais e aqui se assiste sentado (diferentemente do Brasil). Não podemos ficar em pé, e apesar de perder um pouco da animação, torna-se mais confortável de assistir, principalmente para os baixinhos.  Como o espaço é pequeno, muitas pessoas tem que pisar nas cadeiras do degrau de baixo caso queiram sair para  comprar alguma coisa ou ir ao banheiro no meio do jogo. Para piorar ainda mais a situação, as cadeiras são frágeis, feitas de um plástico mole e, por isso, o estádio já apresenta cadeiras com rachaduras. As cadeiras não tem os assentos que se levantam junto com o torcedor, garantindo que esse espaço seja pequeno sempre.

Teoricamente o estádio não tem pontos cegos. Mas isso só acontece se ele estiver vazio. Próximo de onde estava sentada, havia um câmera da FIFA, que obstruia a visão de muitos jogadores, que tinham que se levantar caso o jogo rolasse de um lado do campo. O mesmo acontecia lá embaixo. Seguranças que estavam presentes para evitar a invasão do campo de jogo, se sentavam durante a partida para que não atrapalhasse a visão dos torcedores que ficavam atrás dos gols. Já na laterais do campo, as primeiras fileiras foram inutilizadas e cobertas para que isso não acontecesse ali também – ou seja, para que os seguranças pudessem ficar ali, o estádio perdeu as fileiras mais próximas! No soccer city as fileiras mais próximas também foram cobertas.

Fim do primeiro tempo e sai todo mundo na correria para ir ao   banheiro e comprar mais cerveja.  Banheiros para deficientes eu não vi nenhum. Não posso dizer que não tem, pois não vi o estádio todo. Mas em todos por todos os lugares que passei, não vi nada que facilite a vida dos cadeirantes.

Os banheiros tem 3 vasos por banheiros, quantidade bem menor do que vemos em estádios normalmente. Todos com portas estreitas e vários com degraus.

As rampas de acesso parecem ter inclinação para carro – ou seja, já é ruim para pedestres, ainda mais para cadeirantes.

As escadas são completamente irregulares a qualquer regra para incêndio. Não há sinalização adequada do andar em qual você está, há degraus entre a escada e o corredor de circulação, as poucas placas, que não dão muita informação, estão caindo ou não existem, iluminação de emergência não há em vários trechos.

Está bem confusa a sinalização das arquibancadas, não há uma numeração tão boa dos degraus, como há no Soccer City. Colocando lado a lado, qualquer problema do Soccer city passaria despercebido pela quantidade de “infrações” à segurança e ao caderno de encargos da FIFA.

O estádio Ellis Park tem capacidade de 62.000 torcedores e ontem foi anunciada a presença de quase 56.000 espectadores. Independente de qualquer irregularidade, a noite o estádio ficou bem iluminado a noite. É um estádio que tem muitas construções ao redor e, por isso, sofre um pouco no momento em que acaba a partida. No entanto, demorou um pouco, mas as coisas funcionaram bem pois, felizmente, muitos argentinos permaneceram dentro do estádio cantando.

 

Lilian Oliveira

Arquiteta e Urbanista, estudiosa de tecnologia e gestão de estádios esportivos.

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