Blog by Guedex
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O inequacionamento econômico do Itaquerão


Afinal temos uma definição quase oficial. A abertura da Copa 2014 será em São Paulo, segundo declarações do Presidente da CBF, e os Governos Estadual e Municipal indicaram a nova arena do Corinthians, em Itaquera, sem contudo assumir qualquer compromisso financeiro. O Comitê Organizador Local - vale dizer, a CBF - já aceitou, encaminhando a indicação à FIFA.
O equacionamento econômico-financeiro para a implantação do estádio/ arena ficará inteiramente a cargo do clube, o que ainda não está inteiramente fechado. Apenas promessas de que o fará.
Os números oficiosos são de um investimento da ordem de R$ 600 milhões para 68 mil lugares, o que é uma estimativa subdimensionada. Para um estádio "padrão FIFA" o investimento por assento não fica abaixo de R$ 10 mil. Para a abertura e para o encerramento os custos são maiores. 
A modelagem econômica ainda não está clara porém há algumas restrições que devem ser consideradas. O terreno é da Prefeitura Municipal e foi cedido - por noventa anos, contados dos anos setenta - para o Corinthians implantar o seu estádio. A propriedade do estádio terá que ser do clube, com a obrigação de entregar para a Prefeitura, ao final do prazo da cessão do terreno, sem ônus para os cofres municipais.
O Corinthians poderá ceder a exploração econômica do estádio para terceiros que assumirão o encargo de construir o imóvel. Será uma modalidade similar às PPPs que estão sendo feitas em alguns estados. Porém a parceira privada-privada.
A operadora do empreendimento, provavelmente uma SPE (sociedade de propósitos específicos), ficaria com as receitas dos espetáculos. Ai começam os primeiro impasses. Nas demais modelagens, o empreendedor-construtor tem como receita principal a exploração dos camarotes e das cadeiras cativas. Em alguns casos, abrem mão das receitas das vendas dos ingressos avulsos, que ficariam quase que inteiramente para o clube. O quase é devido ao mecanismo usual de transferência da venda de ingressos a terceiros que cobram taxas em torno de 10%. O empreendedor buscará parte dessa receita, podendo incluir a empresa especializada num consórcio.
Segundo o que tem sido divulgado, o Corinthians não quer abrir mão de qualquer das receitas, principalmente dos camarotes, cedendo ao empreendedor apenas o "naming right", ou seja, a marca do estádio. Ainda que a mídia já o tenha apelidado de "Itaquerão".
A construtora Norberto Odebrecht está disposta a construir a nova arena, com recursos próprios e financiamento do BNDES limitando, no entanto, a sua responsabilidade a cerca de R$ 360 milhões.
O BNDES tem resistido a conceder os financiamentos para os estádio, na modalidade "project finance" cuja garantia é a receita gerada pelo próprio empreendimento.
Prevê-se que o financiamento junto ao BNDES seja tomado pela construtora, porém se essa não tem devidamente equacionada a receita futura, terá que levantar os recursos com base em garantias hipotécarias. Ou seja, a construtora terá que comprometer parte do seu patrimônio, para levantar o financiamento com o BNDES, comprometendo-se ainda a colocar recursos próprios.
Para garantir os retornos o Corinthians terá que ceder outros retornos e buscar financiamentos adicionais.
A possibilidade de recursos públicos sem retorno é remota, por conta das restrições orçamentárias e controle dos Tribunais de Contas.
Fica ainda a alternativa de recursos de estatais, como a Petrobras ou o Banco do Brasil, para um "naming righs" com valores acima do usual.
Vontade política não será suficiente.

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