Reprodução: Máquina do Esporte
A apenas alguns dias de finalizar 2010, diante da
necessidade de traçar o planejamento estratégico para a próxima temporada,
determinados dilemas ocupam clubes brasileiros. O sócio-torcedor, em
particular, tende a dividir opiniões, ao contrapor antecipação de receitas e
virtual prejuízo ao desempenho nas bilheterias.
O Internacional de Porto Alegre surge como primeira
referência no assunto, ao reunir cerca de 106 mil sócios, dos quais 35 mil têm
direito a entrada gratuita e 71 mil, desconto de 50% no valor do ingresso. Esse
modelo gera aproximadamente R$ 3,8 milhões por mês, segundo números fornecidos
pelo clube.
A estratégia de distribuir descontos nos tíquetes para
atrair associados, entretanto, leva como efeito colateral virtual diminuição no
lucro com bilheterias. Durante o Campeonato Brasileiro, o clube gaúcho embolsou
R$ 3,3 milhões, abaixo, por exemplo, do rival Grêmio, que não oferece esse
benefício e lucrou R$ 4,3 milhões.
O modelo desenvolvido pelo Internacional para lidar com
sócios-torcedores foi adaptado em outras agremiações, como Atlético Paranaense
e Avaí, mas os resultados não são tão animadores. A distribuição de ingressos
gratuito para filiados gera, em ambos os casos, receita mensal, mas derruba
números com bilheterias.
O Atlético-PR, atualmente com cerca de 19,6 mil sócios,
recebe mensalmente aproximadamente R$ 1,3 milhão, de acordo com estimativa
baseada no preço da mensalidade, de R$ 70. Em ingressos, porém, os paranaenses
lucraram apenas R$ 411 mil no torneio nacional, o pior desempenho do país.
O Avaí, por sua vez, reuniu 12 mil associados com entrada
gratuita e arrecada em torno de R$ 900 mil por mês com o quadro social. O lucro
com tíquetes, novamente, foi de R$ 586 mil, acima apenas do próprio Atlético-PR
e do Grêmio Prudente, dono da pior média de público e rebaixado à Série B.
Em público, contudo, nenhum dos dois repete o mau desempenho
notado nas finanças. O Atlético-PR atingiu média de 16,3 mil torcedores por
jogo no Brasileirão, enquanto o Avaí, 9,4 mil, sinal de que os descontos a sócios,
apesar de gerarem recursos, impedem melhores resultados em outra fonte de
receita.
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