Reprodução: ESPN.com.br
Fábio Matos
A pouco mais de dois meses para as eleições
presidenciais no São Paulo, programadas para a segunda quinzena de abril, a
temperatura política nos corredores do Morumbi está mais elevada do que
gostaria o grupo ligado ao presidente e candidato à reeleição, Juvenal
Juvêncio. Favorito ao terceiro mandato consecutivo após uma manobra
estatutária, o mandatário são-paulino vem acenando para alas da oposição do
clube com a oferta de cargos e mais espaço na administração, mas ainda encontra
focos de resistência.
Um deles atende pelo nome de Edson Lapolla,
conselheiro da oposição que confirmou, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br,
a informação de que será candidato a presidente do clube caso Juvêncio tente
mesmo mais um mandato no Morumbi. “Ele (Juvenal) sendo candidato, eu já sou
candidato. Esta é uma decisão tomada. Se ele não for candidato, aí vou ver quem
é o melhor”, afirmou Lapolla.
“O principal erro (de Juvenal Juvêncio) é a
centralização. Ele faz tudo da cabeça dele e não ouve ninguém. O modelo atual
do São Paulo é arcaico, de 1930”, ataca Lapolla. “É uma vergonha um clube como
o São Paulo ter um grupo que está no poder desde 2002 e não tem outra pessoa
habilitada para ser presidente. E tem, sim, muita gente boa lá. Esse
continuísmo é perigoso. Já está na hora dele (Juvenal) descansar.”
O pré-candidato da oposição à presidência do
São Paulo lembrou que Juvêncio não se preocupou em preparar e indicar um
sucessor nesses cinco anos no comando do clube. Se o Leco (Carlos Augusto de
Barros e Silva, vice-presidente de futebol) não é bom agora, por que vai ser
bom daqui a três anos? Se o João Paulo (de Jesus Lopes, diretor de futebol) não
serve agora, como vai servir daqui a três anos? Se o Marco Aurélio (Cunha,
ex-superintendente de futebol e que se desligou da atual diretoria) não serve,
por que na próxima eleição vai servir? Quem vai substituir o ditador?”, dispara
Lapolla. “Eu não quero mais analisar a administração do Juvenal. Passou. Quero
analisar o próximo.”
A revolta de setores da oposição aumentou desde
que o grupo ligado a Juvêncio aprovou uma mudança no estatuto do São Paulo
permitindo que o presidente disputasse mais uma reeleição. Juvenal foi eleito
pela primeira vez em 2006, sucedendo o ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa,
já falecido, que assumiu em 2002 e foi reeleito em 2004. Sua bem sucedida
administração, da qual Juvêncio foi diretor de futebol e que levou o São Paulo
ao tricampeonato da Libertadores e do Mundial de Clubes, em 2005, garantiu o
êxito eleitoral de Juvenal no ano seguinte.
De acordo com a versão antiga do estatuto do
São Paulo, o mandato presidencial era de dois anos, com direito a apenas uma
reeleição. Juvêncio foi reconduzido ao posto em 2008, mas durante seu segundo
período à frente do clube aprovou a mudança no tempo de duração do mandato do
presidente – de dois para três anos, até 2011. Advogados ligados a seu grupo
político garantem que o cartola tem direito à primeira reeleição neste novo
formato estatutário. Para os oposicionistas, trata-se de um "golpe".
Oposição dividida
Apesar da indignação de Edson Lapolla e do
lançamento de sua candidatura à presidência do São Paulo, o conselheiro sabe
que a oposição terá dificuldades para evitar o terceiro mandato consecutivo de
Juvenal Juvêncio. Na última semana, o grupo Vanguarda Tricolor, encabeçado pelo
ex-presidente José Augusto de Bastos Neto, que dirigiu o clube entre 2000 e
2002, anunciou apoio à nova reeleição de Juvêncio. Lapolla contesta.
“Esse grupo do José Augusto usou meu nome
indevidamente. No fim de 2009, nós criamos um grupo que pensasse no São Paulo.
Agora, o José Augusto rachou o grupo e rachou a oposição”, diz Lapolla. “Ele
pode falar o que quiser, mas ele só tem a assinatura de 15 dos 36 conselheiros
(do grupo). Essas pessoas não pensam no São Paulo, só em seus interesses. Se o
Juvenal pensa que vai ser eleito por aclamação, está muito enganado. Tem que
ter eleição, tem que ter votação.”
Com a oposição dividida, o atual presidente do
São Paulo é favorito no pleito de abril, apesar do ambiente político tenso no
Morumbi. Caso seja eleito mais uma vez, Juvenal Juvêncio ficará no cargo até
2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, e completará oito anos e três mandatos
seguidos na presidência. Antes disso, o cartola já havia sido presidente do
clube entre 1988 e 1990.
Um comentário:
Olha só o que o Juvêncio tá causando.
Além do problema óbvio do 3º mandato, ainda expõe o SPFC.
Ele deveria pensar mais no clube. Se não quer pensar em si mesmo, que ao menos demonstre amor ao clube, evitando essas situações.
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