Reprodução: ESPN.com.br
Fábio Matos
Faltam pouco mais de dois meses para as eleições
presidenciais no São Paulo, e a temperatura continua elevada nos bastidores do
clube. Após as críticas feitas pelo pré-candidato da oposição, Edson Lapolla,
em entrevista ao ESPN.com.br no início da semana, chamando o presidente Juvenal
Juvêncio de “ditador”, coube ao diretor de futebol, João Paulo de Jesus Lopes,
rebater os questionamentos e defender o terceiro mandato consecutivo do
dirigente.
A reportagem do ESPN.com.br tentou entrar em contato com
Juvêncio, insistentemente, durante toda a semana, mas o presidente do São Paulo
não atendeu ao celular nem retornou as ligações. Eleito em 2006 e reeleito em
2008, o cartola conseguiu aprovar o aumento do período dos mandatos
presidenciais no clube de dois para três anos, até 2011. Pela interpretação
jurídica do grupo ligado a Juvêncio, o dirigente teria direito a disputar sua
primeira reeleição pelo novo formato estatutário, já que a alteração ocorreu
durante seu segundo mandato. No São Paulo, os presidentes só têm direito a uma
reeleição.
“Eu não falo nem como diretor do São Paulo, mas como
conselheiro do clube. A mudança estatutária não foi feita hoje, mas há alguns
anos, antes da última eleição. E foi aprovada dentro da postura legal do São
Paulo”, disse Jesus Lopes ao ESPN.com.br. “Não houve golpe nenhum. Os sócios
votaram na situação, nas últimas eleições (em 2008), com mais de 80% dos votos.
Se houvesse desaprovação, eles teriam votado na oposição.”
Imagem: Gazeta Press |
O diretor de futebol são-paulino rechaçou as críticas do
pré-candidato oposicionista, que atacou o “continuísmo” no clube e criticou
Juvenal Juvêncio pelo fato de não ter indicado, ao final de seu segundo
mandato, nenhum nome como candidato à sua sucessão, mesmo tendo algumas opções
como o vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, ou o
próprio João Paulo de Jesus Lopes, entre outros.
“O São Paulo não tem falta de nomes, pelo contrário. De
fato, todos esses nomes têm condições de assumir a presidência do clube. Mas
todos eles são os primeiros eleitores do Juvenal. Entendemos que a gestão dele
é muito profícua e não há necessidade de mudança”, afirmou João Paulo.
“Quando se fala em continuísmo, as pessoas estão se
confundindo com o que acontece com outros clubes”, continua o diretor de
futebol. “No São Paulo não há continuísmo. Há eleição definida pelo estatuto.
Nós já tivemos presidentes que tiveram mandatos mais longos, como o Laudo
Natel, que ficou 14 anos (entre 1958 e 1972) e nos deixou o Morumbi como
legado, e o Cícero Pompeu de Toledo (1947-1957).”
'Entidade privada'
Na entrevista ao ESPN.com.br, João Paulo de Jesus Lopes
também fez questão de deixar claras as diferenças entre o clube, uma entidade
privada, e instituições da democracia brasileira como a Presidência da República
ou os governos estaduais e municipais, para justificar o terceiro mandato de
Juvenal. “É importante lembrar que o São Paulo é uma entidade privada, e há
diferenças em relação às eleições que acontecem para presidente ou governador,
por exemplo. Quando uma empresa vai bem, dificilmente há mudança de direção”,
aponta.
“A gestão do Juvenal é coroada de êxito. Ele prosseguiu as
gestões vitoriosas do Marcelo Portugal Gouvêa (2002-2006, falecido em 2008), e
foram duas gestões exitosas”, continuou Jesus Lopes. “Tínhamos um déficit de R$
40 milhões. Reduzimos esse déficit, e o São Paulo tem sido superavitário em
todos os anos desde 2004. Crescemos bastante em patrimônio, com um centro de
formação de atletas tido como um dos melhores do mundo.”
O diretor de futebol do São Paulo também citou, entre as
realizações do atual presidente do clube, a modernização do Morumbi, “que teve
um superávit de R$ 30 milhões em 2010”, e os títulos conquistados pela equipe
nos últimos anos, como a Libertadores e o Mundial de 2005 (ainda na
administração de Gouvêa) e os três Brasileiros, em 2006, 2007 e 2008.
No início da semana, o ESPN.com.br conversou com Edson
Lapolla, conselheiro da oposição do São Paulo, que lançou sua pré-candidatura à
presidência caso Juvenal Juvêncio seja mesmo candidato a uma nova reeleição.
"O principal erro (de Juvenal Juvêncio) é a centralização. Ele faz tudo da
cabeça dele e não ouve ninguém. O modelo atual do São Paulo é arcaico, de
1930”, ataca Lapolla. “É uma vergonha um clube como o São Paulo ter um grupo
que está no poder desde 2002 e não tem outra pessoa habilitada para ser
presidente. E tem, sim, muita gente boa lá. Esse continuísmo é perigoso. Já
está na hora dele (Juvenal) descansar.”
Imagem: Agência Estado |
O presidente do São Paulo tem evitado a imprensa enquanto articula
fortemente nos bastidores por sua nova reeleição. Na última semana, durante a
apresentação do meia Rivaldo no CT de Cotia, Juvenal não conversou com os
jornalistas e saiu mais cedo, antes mesmo da entrevista coletiva do novo
reforço da equipe.
Um comentário:
Não adianta querer dourar a pílula, é sim um tapa na cara na tradição democrática do clube.
E se for para manter um presidente enquanto ele apresenta resultados positivos, então a atual administração apresenta um saldo negativo desde 2009 e certamente estão dando mais outra razão para eles não continuarem no poder.
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