Reprodução: globoesporte.com
Marcelo Prado e Sergio Gandolphi
GLOBOESPORTE.COM acompanha um dia de tratamento do camisa 9
e tem acesso ao seu histórico. Retorno aos gramados cada vez mais perto
Luis Fabiano está voltando. Cirurgias, fisioterapia,
tratamentos (vários), ansiedade, nervosismo... Por tudo isso o camisa 9 do São
Paulo passou nos últimos cinco meses, desde que foi anunciado como grande
reforço do clube para a temporada. Esta semana, o GLOBOESPORTE.COM acompanhou o
Fabuloso durante uma sessão de fisioterapia e teve acesso a todo histórico do
tratamento já realizado na região posterior da perna direita.
E, depois de quase estrear (contra o Avaí, pela Copa do
Brasil, em maio), enfim Luis Fabiano já fala com a confiança de quem não sente
mais dores e já se imagina cada vez mais próximo do retorno aos gramados.
- Minha volta está próxima, muito próxima! Pode escrever
aí... - garante o jogador!
Quando voltar a pisar no Morumbi como atleta do São Paulo,
Luis Fabiano deixará para trás um período de quase 12 horas diárias de
fisioterapia no Reffis (centro de recuperação), que testou a capacidade dele de
conviver com a sua dor, e a paciência do goleador que ficou marcado em suas
passagens pelo clube como um atleta polêmico.
- Eu mudei.
Luis Fabiano foi contratado no dia 11 de março do Sevilla
por € 7,6 milhões (R$ 17,5 milhões), a maior contratação da história do clube.
Depois de iniciar o tratamento na Espanha, veio para o Brasil e foi apresentado
com direito a uma festa histórica no Morumbi, 18 dias depois.
Afinal, não é qualquer dia que 45 mil pessoas enchem um
estádio sem ser dia de jogo. Daí para frente, parecia apenas o início de uma
contagem de semanas para que o 12º maior artilheiro da história do clube, com
118 gols, pudesse reestrear.
O Fabuloso começou a primeira etapa da recuperação no Reffis
com sessões de três horas diárias. No início, muito trabalho com gelo e
eletroestimulação ou o uso de correntes elétricas para ativar a musculatura e
drenar o edema provocado pela lesão.
- Ele chegou a fazer oito exercícios de fisioterapia
diferentes. No início, eram três horas e, quando o processo foi evoluindo,
passamos a oito e chegamos até a fazer doze horas de sessão. Algumas das
técnicas podiam ser usadas simultaneamente. É claro, que, em determinados dias,
diminuíamos a carga, ou deixávamos de fazer algum processo porque ele reclamava
de incômodos. Por exemplo, um adesivo às vezes queimava a pele - lembrou o
fisioterapeuta Luis Rosan.
No dia 21 de abril, liberado pelos médicos, Luis Fabiano
treinou com bola pela primeira vez. O então técnico Paulo César Carpegiani
chegou a pensar em utilizá-lo uma semana depois, contra o Goiás, no estádio do
Morumbi, mas não foi possível.
No dia 6 de maio, o time enfrentaria o Avaí, também em casa,
e tudo foi planejado para que o camisa 9 estivesse em campo. Ele chegou a
treinar com os companheiros, fez gol em rachão, deu entrevista coletiva 48
horas antes do duelo, mas acabou derrotado por um vilão cujo nome causa
calafrios no torcedor são-paulino até hoje: fibrose.
Esta terminologia nada mais é do que uma "casca"
que cicatrizou dentro do joelho, e impedia o jogador de realizar todos os
movimentos. Luis Fabiano teve de voltar para o Reffis e novamente passou a
fazer intermináveis sessões de fisioterapia e fortalecimento muscular. Como não
houve a evolução esperada, no dia 20 de maio ele foi operado para que esse
material pudesse ser retirado.
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Info mostra o local em que se formou a fibrose
retirada na cirurgia (Foto: arte esporte)
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- Quando isso aconteceu, e claramente não estava nos nossos
planos, tudo voltou para a estaca zero. Todo o trabalho de fisioterapia que
havia sido feito foi descartado e iniciamos novamente. Não existe uma
explicação para isso ter acontecido - lembra Rosan, quando questionado sobre o
assunto.
À medida em que o tempo foi passando, um novo fantasma foi
assustando os médicos do São Paulo. O corte feito atrás do joelho direito tinha
um ponto que simplesmente não cicatrizava. Foram tentadas várias alternativas,
e especialistas no ramo foram consultados. No final de julho, os médicos
partiram para o tudo ou nada, e Luis Fabiano chegou a fazer sessões em uma
câmera hiperbárica.
- Para explicar ao leigo, no ar que respiramos o nível de
oxigênio é de 21%. Nessa máquina, você eleva para quanto quiser. Quanto mais
alto, maior é a vascularização, o que facilita a cicatrização. Mas nem assim
tivemos sucesso. Foi aí que definimos pela cirurgia plástica - explicou o
fisioterapeuta.
No dia 29 de julho, Luis Fabiano voltou para a mesa de
cirurgia, e o corte da primeira operação precisou ser aumentado (a cicatriz,
hoje, possui cerca de 18 centímetros). O problema foi corrigido e, pouco mais
de um mês depois, a cicatrização foi plena. O atacante então caminha a passos
largos para a última etapa antes de ser liberado para retornar aos gramados.
- Ele agora está fazendo exercícios de musculação com muita
carga e poucas séries, além de trabalhos na piscina. Como não há impacto, serve
para nós termos a ideia se o atleta reclama de algum incômodo antes de partir
para as atividades no gramado.
O trabalho em campo, chamado de proprioceptivo, é iniciado
com os próprios fisioterapeutas, que depois repassam o atleta para a preparação
física. Nessa etapa, são aperfeiçoadas situações de campo, como deslocamento,
salto, potência e coordenação motora. Só a partir desse momento será possível
ter uma ideia de quando o camisa 9 poderá voltar ao gramado.
Aliás, o fisioterapeuta do Tricolor fechou a cara quando foi
questionado pela reportagem sobre quando Luis Fabiano estará em campo.
- Tudo está ótimo, caminhando bem. Mas não quero e ninguém
do São Paulo vai falar em prazos, principalmente porque quando isso foi feito
da última vez, eles não foram cumpridos. Quando ele estiver em condições, todos
vocês vão saber.
Parceria de longo tempo
Luis Rosan e Luis Fabiano têm longo tempo de parceria. Ambos
trabalharam juntos por três anos e meio na Seleção Brasileira comandada por
Dunga. Quando se lesionava na Espanha, o atacante sempre voltava ao Brasil para
se consultar com o fisioterapeuta são-paulino. Por isso, Rosan conta que, em
alguns momentos, apesar de tentar ser o mais profissional possível, teve de
amolecer e passar a mão na cabeça do paciente e amigo.
- Nesse período todo, só fiquei longe durante a Copa América
da Argentina. Mesmo assim, acompanhava diariamente o tratamento via internet.
Procuro ser extremamente profissional, mas em determinados momentos, você troca
de papel e vira pai, psicólogo, amigo... Ele vai vencer essa batalha, está na
parte final de recuperação. Eu tenho um carinho especial pelo Luis, não posso
esconder isso.
Ver Luis Fabiano em ação. É o que o torcedor do São Paulo
mais espera.










Um comentário:
Que estreie logo. Boa sorte!!!
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