Reprodução: LANCENET
Entenda por que Juvenal quer novo mandato no São Paulo
Morumbi, rejeição a aliados e prestígio no governo
incentivam reeleição do presidente
Alexandre Lozetti
A decisão de se candidatar outra vez à presidência do São
Paulo não foi fácil para Juvenal Juvêncio. A ideia, confirmada nesta
quinta-feira, sofreu rejeição da família, temerosa com o desgaste certo,
alertas de aliados sobre contestações jurídicas por parte da oposição.
Porém, pesaram mais, além do apego ao cargo, a pressão de
cardeais antigos do clube e a rejeição a possíveis candidatos da situação, como
o vice-presidente de futebol Carlos Augusto de Barros e Silva.
O Morumbi é o principal fator da tentativa de reeleição.
Juvenal tem ótimo trânsito nos governos Federal e Estadual. É amigo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referência da atual presidente Dilma
Rousseff. Em São Paulo também é escutado com respeito. Na última quarta-feira,
participou de reunião no Palácio dos Bandeirantes com o governador Geraldo
Alckmin.
O objetivo era assegurar recursos para o entorno do Morumbi.
No estádio, não haverá dinheiro público, já que a Copa do Mundo não será
realizada no palco são-paulino. Mas as obras de acesso, nas ruas, como o VLT
(Veículo Leve sobre Trilhos) e o alargamento das calçadas serão bancadas pelo
governo.
O ex-presidente do clube e ex-governador de São Paulo Laudo
Natel é um dos maiores incentivadores da reeleição de Juvenal Juvêncio. Ainda
muito respeitado no Morumbi e na esfera pública, ele recomendou ao dirigente que
se mantivesse no poder para tocar as obras no estádio e também no CT da base,
em Cotia.
O nome de Juvenal para sucedê-lo era o de Leco, vice de
futebol. Mas sua candidatura, assim como a de outros aliados, não foi bem
aceita por boa parte dos conselheiros, a maioria ligada à situação do clube.
A quase inexistência da oposição também deixa o presidente
mais à vontade para se propagar no poder. É possível que nem haja adversário na
eleição de abril (leia mais abaixo).
Nesta quinta-feira, o Grupo Participação, composto pelos
aliados de Juvenal, se reuniu para sacramentar a candidatura. Mesmo entre eles
há divergências quanto à reeleição, mas o respeito ao presidente vai impedir
qualquer manifestação pública. E a grande maioria deverá se manter ao lado dele.
Até porque não contestam a impressão de que não há homem mais adequado para
dirigir o clube.
Oposição chia, mas pode nem ter candidato
A oposição do São Paulo vai contestar a tentativa de
reeleição de Juvenal Juvêncio. Porém, ainda nem sabe se vai lançar candidato.
Em meio às críticas à situação, o grupo também vive péssima
fase: desmantelado e enfraquecido, vê alguns de seus líderes transitarem
harmonicamente com os atuais dirigentes e não tem condição de vencer Juvenal,
ao menos nas urnas.
O ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta considera uma
"afronta" a candidatura do atual presidente, já que o estatuto
determina apenas uma reeleição. A situação alegará que sob a vigência do novo
estatuto, desde janeiro de 2008, essa será a primeira vez.
Porém, Pimenta admite não haver um adversário capacitado.
– O Juvenal se reeleger é um retrocesso, uma mancha. Mas a
oposição não se organiza. Acho que não deve ter candidato. Quando eu falo ficam
bravos, mas não vejo ninguém – lamentou o ex-presidente.
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