Reprodução: Portal 2014
Os principais
tropeços das cidades-sede, dos governos e do comitê organizador do Mundial
1. Majestoso
Menos para o bem que para o mal, a escolha do estádio
paulista da Copa acabou virando uma disputa entre Corinthians e São Paulo. Mas
está mais para pelada que para clássico. Desconfia-se que os arranjos políticos
(chamados de “influências obscuras” pelo governador do Distrito Federal) tenham
prevalecido sobre as decisões técnicas. O São Paulo é desafeto e o Corinthians
aliado de Teixeira, o manda-chuva do COL. O Morumbi foi excluído após cinco
projetos rejeitados, enquanto o “Itaquerão” ganhou a abertura sem mostrar uma
única planta à Fifa. A história promete novos episódios, mas, até segunda
ordem, Teixeira bateu o martelo.
2. Miragem
A Copa em Natal é um sonho cada vez mais distante, quase
miragem. O governo do estado tentou diversas fórmulas para erguer o Estádio das
Dunas, mas nenhuma atraiu investidores. A primeira era a mais interessante. A
construção da nova arena seria trocada por terrenos no centro da cidade. Não
funcionou. O governo potiguar, então, tentou viabilizar uma Parceria
Público-Privada, mas a licitação terminou deserta. Com isso, os natalenses
fecham 2010 com um ultimato do Comitê Organizador Local (COL): se não abrirem
nova concorrência até o dia 31 estão definitivamente fora da Copa.
3. Propinas e lucros
Como se os gargalos na infraestrutura e na construção de
estádios não fossem problemas suficientes para o Brasil, o chefe do comitê que
organiza a Copa, Ricardo Teixeira, teve um ano marcado por denúncias. Segundo a
rede britânica BBC, o dirigente teria recebido R$ 16 milhões entre 1992 e 1997.
O dinheiro foi depositado pela ISL, empresa parceira da Fifa, em conta bancária
de Teixeira baseada em paraíso fiscal.
Além desta acusação, o jornal “Lance!” descobriu que o cartola poderá
embolsar todo o lucro do Comitê Organizador da Copa, já que é sócio da entidade
junto com a CBF, que detém 99,99% do capital social. Detalhe é que o contrato
permite distribuição desigual dos ganhos.
4. Os elefantes brancos
Já era público e notório. Mas durante a Copa da África do
Sul, em junho, o Tribunal de Contas da União declarou em alto e bom som quais
são os potenciais elefantes brancos do Mundial brasileiro. Uma lista sem
novidades, com Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal. Segundo relatório do órgão, a
lotação e o preço do ingresso não compensam a construção dos estádios. A
capital federal, por exemplo, quer gastar R$ 700 milhões numa arena para 72 mil
pessoas. No futuro, ela será usada por Brasiliense e Gama, clubes que, no
momento, frequentam as séries C e D do Brasileirão.
5. Os mais caros
Os estádios da Copa de 2014 não terão a inovação tecnológica
de uma Allianz Arena e tampouco a dimensão colossal de um Soccer City. Mesmo
assim, custarão mais caro que os primos ricos dos Mundiais alemão e
sul-africano. Estudo da consultoria Crowe Horwath RCS de abril mostra que o
assento das arenas brasileiras supera os R$ 8 mil, na média. Na Alemanha, a
relação foi de R$ 7.145, enquanto que na África do Sul, a média dos 10 estádios
rondou os mesmos R$ 8 mil brasileiros.
6. Um estádio de R$ 1,6 bilhão
O valor é digno de obras faraônicas. Com ele seria possível
construir e equipar 46 hospitais, 618 escolas ou cobrir todas as despesas com
saúde do ano de 2009. Mas toda a dinheirama será vertida para o consórcio
OAS/Odebrecht, que vai construir e operar uma remodelada Fonte Nova durante 35
anos. Contanto apenas o valor da obra, R$ 591 milhões, o estádio já teria um
dos maiores custos por assento do Mundial brasileiro. O restante vai para
manutenção, gestão, impostos etc.
7. Aeroportos não decolam
A Fifa não cansa de repetir que os aeroportos brasileiros
são um dos principais, se não o maior, calcanhar de aquiles da Copa brasileira.
Mesmo assim, vira e mexe os jornais do país destacam imagens de saguões
superlotados, reflexo de uma demanda que cresce acima de 15% ao ano. Para sanar
o problema, a Infraero projeta investimento de R$ 5,5 bilhões nos 13 terminais
da Copa. Mas a resposta da estatal é lenta. Neste ano, mais de metade das
intervenções foi adiada por conta de revisões financeiras do TCU, atrasos em licitações
e demora de licenças ambientais. Boa parte das obras deve começar no ano que
vem, mas será que decolam?
8. Reforma gigante
Começou com R$ 400 milhões, valor alto levando em conta as
duas reformas que o Maracanã sofreu nesta década. No começo de 2010, porém, o
leque de mudanças no “Maior do Mundo” já havia se valorizado 50%, chegando a R$
600 milhões. O governo não explicou o salto, e o mistério permanece, pois até
agora ninguém viu o projeto. A segunda estimativa, no entanto, era ainda um
mero chute se comparada aos R$ 705 milhões pelos quais o estádio foi licitado
em agosto. Com os aditivos previstos no contrato, a reforma pode chegar a R$
881 milhões – valor superior ao do Allianz Arena e do Soccer City,
estádios-símbolo dos Mundiais de 2006 e 2010.
9. Fifa passa carão
Anunciadas em maio de 2009, as sedes da Copa deveriam
cumprir um rígido cronograma imposto pela Fifa sob pena de serem riscadas do
mapa do Mudial. O primeiro prazo para início das obras, janeiro de 2010, passou
sem qualquer sinal de trabalho efetivo, salvo pelo Mineirão, que já tinha obras
estruturais. Novo prazo foi fixado para 1º de março, mas nada aconteceu.
Teixeira pediu explicações e fixou novo limite, 3 de maio. Apens três cidades
responderam positivamente --Cuiabá, Manaus e Salvador-- e ainda em maio, o COL
visitou as doze cidades para aferir como
andavam os trabalhos. Desde então não se falou mais em prazos. Agora, em
dezembro de 2010, Curitiba, Fortaleza, Natal e São Paulo seguem sem obras.
10. O logo foi uma decepção
O maior mico da Copa talvez tenha sido a logomarca da Fifa
para o Mundial de 2014. Anunciada em clima de festa na África do Sul no dia 8
de julho, a marca foi escolhida por um júri de "notáveis" –Ricardo
Teixeira, Jérôme Valcke, Oscar Niemeyer, Paulo Coelho, Ivete Sangalo, Hans
Donner e Gisele Bündchen– que definiram a composição vencedora como mãos
entrelaçadas no formato da Taça Fifa. Já para os torcedores e designers
gráficos, um desenho tosco, que decepcionou. "Horrível, lamentável!",
desabafou o designer brasileiro Alexandre Wollner. Além das críticas sobre o
logo, sobraram dúvidas sobre o processo de escolha movido pela entidade. Foram
meses de polêmica, que estimularam a equipe do Portal 2014 a lançar o desafio:
"Não gostou do logo da Copa? Então faça!", concurso de ideias que
resultou em mais de 300 desenhos.
2 comentários:
Torço, mas torço muito pra tudo isso ser o maior "fiasco", nunca antes visto na história deste país.
Porque penso assim? Por que tenho vergonha na cara!
Torço e muito para que daqui a 2 anos não tenha nem 10% pronto.
Por quê?
Porque se essa Copa sair, o Brasil sairá quebrado.
E os tempos de José Sarney voltarão.
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